Entre os motivos que levam os jovens a desistirem dos estudos estão a falta de interesse e a não identificação com as matérias apresentadas
O que leva um jovem a abandonar a escola? Afinal, dados da PNAD 2019 sobre a evasão escolar no Brasil apontam que 20% dos 50 milhões de brasileiros entre 14 e 29 anos não completaram alguma das etapas da Educação Básica. Os motivos variam muito de acordo com o contexto em que cada um está inserido, mas existem algumas razões que se destacam.
As causas podem estar relacionadas a fatores que vão além do ambiente escolar, como instabilidade familiar, falta de estímulo dos parentes, dificuldades financeiras e necessidade de trabalhar para gerar uma renda para a família. Já quando se trata de motivos mais atrelados à escola em si, estão as dificuldades logísticas e financeiras para acessar a instituição, os transtornos ou dificuldades de aprendizagem, desmotivação do corpo docente, ocorrência de bullying, o tipo de metodologia empregada pelos professores, inadequação da infraestrutura física e pedagógica da escola e falta de motivação ou interesse pelo processo de aprendizagem.
Esse último fator está ligado principalmente ao fato de o aluno não conseguir enxergar como o conteúdo visto na escola se relaciona com seu dia a dia e, automaticamente, como será útil na sua vida. Muitas instituições focam em colocar a educação como um produto, deixando o processo da aprendizagem em si de lado e tirando o protagonismo do estudante, o que pode motivar a evasão escolar.
As particularidades, individualidades e os processos cognitivos dos jovens são ignorados em prol de uma padronização do ensino. Muitas vezes, existe uma desconexão entre a forma como as disciplinas são apresentadas e a realidade, até sem haver uma ligação clara entre as matérias em si, divididas em grandes blocos. O modelo mais tradicional, focado em uma “decoreba” dos temas, limita a aprendizagem e desestimula o pensamento crítico, a interpretação e o questionamento.
Dessa forma, o jovem assume apenas uma postura passiva em relação ao que aprende, sem conseguir desenvolver autonomia para aplicar os conhecimentos adquiridos no cotidiano e efetivamente ver sentido no que está fazendo. Mudar essa realidade de milhões de crianças e adolescentes do Brasil inclui repensar a educação baseada nesses moldes e incentivar uma prática pedagógica mais direcionada, estimulante e real.